Inovação: a chave do crescimento

Inovação: a chave do crescimento: "

Nos últimos meses, uma das grandes discussões que tem ganhado força refere-se aos crescentes indícios de um novo processo de desindustrialização no Brasil. Dois fatores são apontados por economistas e especialistas dos mais diferentes segmentos como os principais impulsionadores deste movimento: o dólar desvalorizado e o alto custo de produção.


Com a taxa de câmbio oscilando na casa de R$ 1,60, concorrer com produtos importados acaba tornando-se algo questionável. O cenário atual do empresário brasileiro conta ainda com a forte carga tributária, juros altos e elevadíssimos custos internos, como logística, energia etc. Diante de tantos pontos negativos, torna-se muito mais vantajoso para as indústrias arcar com os impostos sobre importação e trazer produtos e equipamentos produzidos em outros países.


Os chamados segmentos de média-alta e alta tecnologia são os que mais sofrem com todo este cenário, uma vez que precisam e dependem de inovações. Como representantes do setor de Tecnologia da Informação, estamos atentos a este processo e trabalhando principalmente em alternativas para desoneração o setor.


Investir em pesquisa e desenvolvimento é a chave para que possamos ter uma indústria forte e competitiva. Mesmo em momentos difíceis como o atual, buscar manter os projetos voltados para a inovação é a única alternativa para que, no futuro, a nossa indústria não fique novamente ultrapassada e em uma corrida interminável para tentar manter certa competitividade. Somente com P&D conseguiremos criar, desenvolver e produzir produtos e serviços realmente inovadores e competitivos. No mundo globalizado, as empresas de TI que não inovam acabam condenadas a prestar serviços, cuja demanda foi gerada pelas inovações produzidas por outras empresas. Enquanto analisamos e assistimos um novo processo de desindustrialização interna, acompanhando o forte avanço tecnológico em outros países, com incentivos à pesquisa e à produção local. Precisamos reverter este processo. E há medidas possíveis!


Há alguns anos existem inclusive programas de subsídio à inovação, seja em nível nacional, ou mesmo em cooperação internacional. Esta última tem a vantagem de gerar produtos que já nascem prontos para mais de um mercado.


Em 2005, por exemplo, para incentivar a produção e o desenvolvimento da indústria de hardware no Brasil, o governo promoveu um verdadeiro processo de desoneração. A chamada MP do Bem, que foi prorrogada até 2014, isenta muitos produtos de informática de impostos como PIS e Cofins. Com isso, computadores, impressoras, roteadores e outros produtos de informática tiveram o seu processo produtivo barateado e incentivaram a inclusão digital.


Em um momento delicado como este, no qual a desindustrialização começa a assumir um caráter iminente, outros segmentos precisam de medidas semelhantes. Não necessariamente com a redução de impostos como PIS e Cofins, mas ações que contribuam para desonerar a produção e incentivar o investimento em pesquisa e desenvolvimento.


Para as empresas de TI, uma boa alternativa é buscar os programas de subsídio à inovação, sejam nacionais ou internacionais. Internamente, há os recursos disponíveis em instituições como o Finep. Já no mercado externo, é possível aproveitar as iniciativas de cooperação para pesquisa e desenvolvimento, como as chamadas ?Plataformas Tecnológicas?. Esta metodologia determina a formação de um grupo de líderes para cada plataforma, grupos de trabalho temáticos, encontros regulares entre todos os participantes, entre várias outras atividades. Neste contexto, podemos ressaltar a Plataforma Tecnológica Ibero-Brasileira (que visa projetos de inovação entre empresas brasileiras e espanholas) e a BraFIP (Brazilian Future Internet Platform) (focada em projetos entre empresas, institutos de pesquisa e universidades brasileiras, em conjunto com instituições equivalentes de qualquer país da União Européia).


Os projetos de Inovação das nossas empresas são a garantia de um futuro mais competitivo e promissor. É preciso mantê-los e buscar apoio para conseguirmos superar estes períodos mais delicados para a nossa indústria.


*Marcos Sakamoto é presidente da Assespro-SP

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